Passava da meia-noite no bairro Chácaras Marco. Era uma noite tranquila em Barueri até o momento em que um carro em alta velocidade avançou pela rotatória em direção à viatura da Guarda Civil Municipal (GCM), que estava estacionada em frente a um comércio do bairro. A agente Erinalda Elias Marinho afirmou que com toda aquela movimentação, a princípio desconfiou da atitude do casal que estava no carro, e que já havia mencionado ao seu parceiro Ezequiel Gaspar Júnior que eles teriam de abordar o veículo. Entretanto, o veículo veio até eles, pois o casal necessitava muito de ajuda.
Saindo do carro desesperado, o homem pediu aos guardas para que salvassem sua filha, uma bebê de apenas sete dias, que estava nos braços da mãe, sem respirar. Nervosos e sem saber como agir, o casal entregou a criança à guarda, que teve segundos para avaliar o caso e iniciar os procedimentos de desengasgo, ensinados em treinamento periódico oferecido para a equipe da GCM da cidade, ligada à Secretaria de Segurança Urbana e Defesa Social (SSUDS).
Erinalda conta que já na terceira manobra o leite saiu da boca da criança, que deu um suspiro e voltou a respirar. O alívio foi geral, tanto para a equipe quanto para os pais, que estavam em estado de choque. Após o susto, a viatura acompanhou a família ao Hospital Municipal de Barueri (HMB) para verificar a saúde da bebê, que chorava copiosamente. “Nunca um choro de uma criança me deixou tão feliz”, disse a agente.
O treinamento
Segundo dados do Ministério da Saúde, desde 2020, 923 crianças com até quatro anos morreram engasgadas no Brasil, mortes estas que poderiam ser evitadas caso elas tivessem sido socorridas a tempo. De acordo com Reginaldo Silva, tenente da reserva do Corpo de Bombeiros, que realiza o treinamento dos agentes da GCM de Barueri, todos os pais deveriam saber realizar manobras quando a criança se engasga, mas infelizmente não é isso que acontece.
O engasgo em bebês é muito mais comum do que podemos imaginar. Acontece na hora da mamada, quando, num dado momento, a criança parece não conseguir mais respirar. O tenente diz que quando isso ocorre, o primeiro passo é ficar calmo e entrar em contato com o serviço de urgência e emergência (4198-3205 ou 153/ urgência Saúde 192). Enquanto o atendimento profissional não chega, o ideal é iniciar a manobra para desengasgar a criança, seguindo esses passos:
Segure a cabeça do bebê, apoiando a mão em seu pescoço e um dedo em cada bochecha;
Apoie o bebê de barriga para baixo (de bruços), no antebraço. A cabeça da criança deve ficar apoiada na sua mão e inclinada para baixo em relação ao resto do corpo (é possível realizar a manobra tanto em pé quanto sentado);
Posicione sua mão livre entre as escápulas (osso plano e triangular localizado na parte superior das costas) do bebê e dê cinco batidas na região. Cuidado com a força utilizada, ela deve ser moderada para não machucar a criança;
Vire o bebê de barriga para cima e faça cinco compressões rápidas no meio do peito, logo abaixo da altura dos mamilos, utilizando dois dedos da sua mão;
Se o bebê, em algum momento, vomitar, vire-o de lado para que ele não se afogue;
Se a criança voltar a chorar, a respirar e se a sua cor voltar ao normal, ela desengasgou e é preciso procurar atendimento médico para avaliação;
Caso ela permaneça engasgada, mas continuar acordada e tentando respirar, será preciso repetir toda a manobra de desengasgo novamente;
Se o bebê estiver inconsciente, é preciso iniciar as manobras de reanimação, desta forma se torna ainda mais necessário o atendimento profissional.
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